terça-feira, 28 de maio de 2013
Musical
Leminski!
Leminski!
Leminski!
Chama
ansioso
o fã saudoso.
O poeta
finge que
não é com ele
e continua
ouvindo
Stravinski.
(Francisco Barros)
Camaradagem
Espremi a palavra
amizade.
Retirei sumo
abrasador.
Revelou-se
um retrato
vivo,
intenso
de um grupo
que brinca
de eterna
juventude.
Que ri,
Que chora,
Que namora,
Que beija.
Nessa alegre
comunhão,
gravitam traços
e abraços.
Aquela chama
persistente
teima em não
se apagar.
E nessa viagem
que não vai terminar
sobressai a palavra:
CAMARADAGEM.
(Francisco Barros)
Língua
Matizes
Quando Nietzsche Sorriu
Quanto mais longo
o dia, mais extenso o erro
dos teimosos idealistas.
Essa história de negar
o real, é mesmo muito
engraçada- Nietzsche sorriu
alvejou com farpas e setas
seus velhos detratores
metafísicos (qual deles restou?)
Sumiram nas brumas da noite
mas ainda foram despertos
pelo galo da madrugada
que teima em evocar para si,
como efeito do seu canto,
o nascimento do sol.
Quem está mais errado-
pergunta Nietzsche sorrindo-
o galo ou o metafísico?
(Francisco Barros)
sexta-feira, 24 de maio de 2013
Elegia
Falar e Calar
Estrela
Ferro e Fogo
Imita maçarico,
esmerilho, cospe fogo:
palavra na folha de aço.
O verbo é quente
A palavra é dura
A voz não cala: pressente
A palavra perpetua gesto
A mão executa ofício
A máquina imprime manifesto
O sentimento é puro, é duro
O ofício é penoso, exato
A ação não admite perjuro
Crava garras no galho
Escorrem palavras pelo assoalho
Vira, revira, carta de baralho
Já não é palavra, é desenho
Já não é gesto, é engenho
Já não é talento, é desempenho
Criva a palavra de cravos
Adocica a palavra- açúcar mascavo
Desidrata a palavra, suga-lhe orvalho
Engole, mastiga e cospe
Regurgita, tritura e moe
Viceja, redivivo, o verbo:
A ferro e fogo!
(Francisco Barros)
sexta-feira, 17 de maio de 2013
Autorretrato
Voo de Passarinho
Beletrista
Que ousadia.
Não me venha
falar dessa
nova onda
de poesia.
Heresia
profunda,
essa tal mania
de ressucitar
o lirismo.
Recolha-se
à sua condição
de beletrista
com pouca
ou nenhuma inspiração.
Isso é lá profissão?
Melhor procurar
um sucessor
de Quintana
num bar de Copacabana.
Ou então, vá conhecer,
os poetas da Hungria
e correr o risco
de parecer original
ou, até mesmo, genial.
Mas não adianta
querer tentar
plagiar aquele
estilo pra posar
de Ferreira Gullar.
(Francisco Barros)
segunda-feira, 13 de maio de 2013
Bolha de Sabão
quinta-feira, 9 de maio de 2013
Epitáfios
Quem disse que epitáfio é tudo igual? Eles também podem ser criativos e divertidos, embora a situação do entorno não seja. Vejamos alguns que escrevi:
Aqui Jaz
um apressadinho.
Veio antes
de ser chamado.
***
Aqui
Jazz,
Blues
& Rock and Roll.
***
Aqui Jaz
um britânico.
Morreu às 17h
em prantos.
***
Aqui Jaz
um abelhudo.
Meteu-se onde
não deveria.
***
Aqui Jaz
alguém de visão.
Vê de um ângulo
totalmente
diferente.
***
Aqui Jaz
um falastrão
recuperado.
Não fala mais
pelos cotovelos.
***
Aqui Jaz
um ateu.
Duvidou da
morte até
quando morreu.
Francisco Barros
quarta-feira, 8 de maio de 2013
Sonhos
Ecos de um show
Alguém
(cronista, talvez)
algum dia,
haverá
de descrever
a cena,
banal, talvez.
No coração do Brasil
(Serra Dourada-
encantada)
um louva-deus
extasiado,
une-se
ao besouro.
Envolto
por luz,som e neon,
pousa,suavemente,
como quem
nada quer,
no ombro
do pop-star.
Virando-se,
o astro sorri.
O louva-deus
entende e ali
permanece
por uma breve
eternidade.
(Francisco Barros)
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