terça-feira, 6 de agosto de 2013
Hiroshima
Um pássaro pousa
no parque em Hiroshima.
O que sabe o pássaro
sobre Hiroshima?
O que sabe o pássaro
sobre o homem?
Ele apenas voa
e canta para
saudar a vida.
Hoje, flores
derramam
perfume no céu
de Hiroshima.
O vento evita
a imobilidade
das plantas.
O mesmo vento agita
os cabelos e a memória
dos habitantes
de Hiroshima.
Um leve assobio,
sussurros nas esquinas.
À espreita,
o horror subterrâneo
caminha de mãos dadas
com teus antepassados.
Mas, hoje, os pássaros
chilreiam nos parques,
pousam nas árvores
e não sabem
da tua dor, Hiroshima.
A brisa, fria, sopra leve.
Hoje, 6 de agosto, o mundo
te olha com ternura, Hiroshima.
A mágoa, a nódoa, a chaga,
te acompanham.
Caminham,em marcha,
no teu lento compasso.
E nada se apagou.
O vento não levou.
Você, sabe. Você, sabe.
E, mais uma vez,
olha com desconfiança.
Finda o dia.
É hora da passagem - luz e treva.
Dorme, em paz, Hiroshima.
Só não peço que te esqueça.
(Francisco Barros)
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