domingo, 6 de outubro de 2013

Andaluzia


Céu andaluz
solo espesso

a bailarina cadencia
os pés no tablado

o bardo, atento, registra
o movimento.

Calcinada geografia,
madrugadas púrpuras;

O rio Guadalquivir, sonâmbulo,
flui sereno pelas montanhas

Serpenteia suas artérias
em ruminantes encostas

Pátria surreal
de noites febris.

Solo de feridas abertas
na memória trágica

Tentaram ceifar os ideiais
do teu povo mestiço

Mães velaram filhos
sob o manto das trevas

(o choro adubou, como húmus,
o triste solo enluarado)

silenciou a catedral gótica
congelou tempo e vento

até que, novamente, a luz
brilhou, as estrelas resplandeceram

e voltou a tingir  de vermelho
o revigorado verão andaluz.



(Francisco Barros)


Nenhum comentário: