No céu da tua boca
centelhas e fagulhas
guiam minha língua
por uma pungente
geografia outonal
No céu da tua boca
as nuvens rubras
suspensas no espaço
drenam meu sangue
por despenhadeiros
No céu da tua boca
minha língua vagueia
tonta, ébria, cambaleia
e para assustada
na fenda do universo
No céu da tua boca
(amplidão abissal)
minha língua passeia, louca,
pelas entranhas perdidas
da estação espacial
No céu da tua boca
(sigo uma órbita volátil)
a língua revigorada, ondeia,
e me conduz, sonâmbulo,
ao infinito espaço sideral.
(Francisco Barros)
Nenhum comentário:
Postar um comentário