segunda-feira, 21 de abril de 2008

Uma lenda de 68: Dany le Rouge



Maio de 68 começou em março. Explico. Dois meses antes da guerrilha urbana de Paris iniciar, aconteceu um conflito na Universidade de Nanterre. O motivo era prosaico: a Reitoria baixou uma norma proibindo os rapazes de visitar as moças em seus alojamentos. Por isso, o meu amigo Euler Belém, jornalista, brinca: 68 reiventou o 69.

Pois bem, um estudante judeu-alemão liderou um grupo de cem colegas contra essa decisão. Eles ocuparam a Reitoria. Assustado, o reitor tomou a decisão de chamar a polícia para desalojar os jovens rebeldes. O rastilho de pólvora estava aceso. Os estudantes de Nanterre foram para a Sorbonne (Universidade de Paris) para conquistar a solidariedade de seus pares.

O estudante que liderava a manifestação tinha os cabelos vermelhos. O seu nome: Daniel Conh-Bendit. Daí o apelido: Dany le Rouge (Daniel, o Vermelho). A sua fama alastrou-se. A liderança consolidou-se. Para alguns, ele era um Robespierre de Centro Acadêmico.

Dany era bolsista do governo alemão, filho de pais judeus que emigraram para a França fugindo do Nazismo. Em Nanterre, foi aluno de um professor brasileiro, exilado em Paris, que anos depois seria Presidente da República: Fernando Henrique Cardoso. Hoje, Dani é deputado do Parlamento Europeu pelo Partido Verde. Portanto, não é mais vermelho.

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