A frase é do escritor austríaco Robert Musil, retirada do seu livro O Homem sem Qualidades, considerada uma obra-prima em razão de sua apurada técnica literária. Trata-se de um questionamento sobre a postura do indivíduo alienado diante da sociedade de massas. Mas, não resta dúvida: o autor, aparentemente, apresenta uma visão amarga da vida.
Mas as aparências enganam. O livro também é recheado de humor e sátira, como observou num ensaio sobre Musil, o crítico Marcelo Backes. Ele teceu o seguinte comentário sobre a obra:
"...O homem sem qualidades é uma bola de neve de ações paralelas, que rola pela montanha do século abaixo, abarcando tempo e espaço, para ao fim engendrar um romance inteiriço, ainda que multiabrangente, pluritemático e panorâmico.Ulrich – o homem sem qualidades – faz três grandes tentativas de se tornar um homem importante. A primeira delas é na condição de oficial, a segunda no papel de engenheiro (vide a carreira do próprio Musil) e a terceira como matemático, exatamente as três profissões dominantes – e mais características – do século XX".
Backes acrescenta a seguinte observação: "Os três ofícios são essencialmente masculinos e revelam o semblante de uma época regida pelo militarismo, pela técnica e pelo cálculo que, juntos, acabaram desmascarando o imenso potencial autodestrutivo da humanidade. O relato acerca da busca “desencantada” de Ulrich lembra a velha busca – ainda sagrada – do Santo Graal".
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