segunda-feira, 7 de abril de 2008

Pérolas de Joel Silveira


Hoje, 7 de abril, comemora-se o Dia do Jornalista. Para homenagear a data, nada melhor do que falar de alguém que encarnou tão bem o jornalismo no Brasil. Trata-se de Joel Silveira, que sobreviveu a duas ditaduras: a de Vargas e a dos Militares.

Joel Silveira foi correspondente na Segunda Guerra Mundial, na Itália. Publicou mais de 40 livros. Em razão do seu estilo jornalístico, ganhou do dono dos Diários Associados, Assis Chateaubriand, o apelido de "víbora". Joel faleceu no dia 15 de agosto de 2007, aos 88 anos, no Rio de Janeiro.

São clássicos do jornalismo brasileiro duas reportagens de sua autoria sobre a sociedade paulistana: "Eram Assim os Grã-Finos de São Paulo" e "A Milésima Segunda Noite da Avenida Paulista". Para os amantes do bom texto que quiserem saborear o estilo de Joel vai uma dica de leitura: Guerrilha Noturna (Editora Record, 1994).

Foi desta obra que retirei os cinco aforismos abaixo. Deliciem-se.

Aforismo 27

Levei anos e anos para aprender a dizer não, mas aprendi. Agora o não me sai com a maior facilidade, sem qualquer inibição ou constrangimento.
Fulano, um espertalhão que conheço desde o começo dos tempos, e a quem já concedi, complacentemente, milhares de sins, me telefona:
- Você poderia...
E antes que ele continue, brado:
- NÃO!

Aforismo 67

"Há políticos que ignoram a realidade. Em compensação, a realidade também os ignora." - É de Karl Marx, que muita gente apressada imagina ter enterrado de vez.


Aforismo 132

Informa, em tom solene, o nobre senador: "Na Democracia, todos tem direito a discutir as suas idéias".
Que os organismos internacionais, a começar pela ONU e pela Corte de Haia, e mais os governos do mundo inteiro, sejam cientificados com a maior urgência da espantosa revelação. Confesso que a mim ela ocasionou febre de quarenta graus, tosse convulsiva e batidas aceleradas no coração.

Aforismo 179

A profissão de jornalista tem uma desvantagem capital, entre outras menores: obriga o jornalista a conhecer toda espécie de pessoa, gente demais. E conhecer gente demais implica decepção demais, desencanto demais - e, até, o que é ainda mais incômodo, enjôo demais.

Aforismo 206

Aquele jornalista (ou "cientista político", como prefere ser chamado) é tão autosuficiente que se alguém lhe disser que andam falando em seu nome para a sucessão presidencial, ele, em vez de rir da pilhéria, será capaz de responder, enfático e pomposo:
- São idéias dos meus amigos... De qualquer maneira, não tomarei qualquer atitude sem antes consultar as minhas bases no Olimpo.

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