domingo, 28 de dezembro de 2008

Exposição Gilberto Freire


Prossegue até o dia 18 de maio de 2009,no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, a exposição "Gilberto Freire - Intérprete do Brasil". Trata-se de uma justa homenagem a um pesquisador que dedicou a sua vida a entender a cultura, a sociedade e o homem brasileiro. Freire, com sua obra Casa Grande & Senzala, revolucionou a historiografia no Brasil. Usou os seus conhecimentos de antropologia e sociologia para interpretar os fatos de forma inovadora.

O sociólogo foi ferrenho opositor do racismo. Em 1942 foi preso no Recife, sua cidade natal, por ter denunciado nazistas. Com seus estudos, ajudou a demolir o racismo biologizante que dominava nossas universidades. Ele foi doutor pelas universidades de Paris (Sorbonne), Columbia (EUA), Coimbra (Portugal), Sussex (Inglaterra) e Münster (Alemanha). Em 1971, a Rainha Elizabeth lhe conferiu o título de Sir (Cavaleiro do Império Britânico).

As voltas que o mundo dá


Desde o final de junho estive ausente deste blog. Por vários motivos. Mas não creio que seja relevante desfiá-los. Isso pouco importa. O essencial é retomar o ponto de partida. Registrar impressões, visões e aspirações. É o que pretendo fazer.Em seis meses muita coisa aconteceu. O mundo mudou. Uma crise econômica sem precedentes varreu os mercados. O mundo continua sobressaltado. Até quando essa situação vai persistir não se sabe. Ninguém ousa prognosticar o seu fim.

Uma bolha imensa estourou. Muitas fantasias desfizeram-se. A especulação financeira atingiu limites inimagináveis. Não havia como se sustentar. O mundo virou um grande cassino. A banca quebrou.Deu no que deu. Os países desenvlvidos, em especial os EUA, cobravam dos outros, mas não fizeram o dever de casa. A conta será paga por todos nós. Descobriu-se, afinal, que a "nova ordem mundial" estava assentada em bases carcomidas.
Resta-nos tentar recompor os cacos do vitral espalhados pelo salão.

domingo, 29 de junho de 2008

Cheiro de Álcool


Estava em Caçu, no Sudoeste goiano. Era uma quinta-feira e queria retornar a Goiânia. Consultei o relógio: cinco minutos para 17 horas. Teria que percorrer, sozinho ao volante, 320 Km. A minha condução era um Palio 1.0, alugado.

Assim como fiz na ida, passaria por Rio Verde. O percurso entre as duas cidades é feito, considerando as precárias condições da rodovia, em pouco mais de uma hora. E são apenas 90 quilômetros. No trecho próximo a Aparecida do Rio Doce os buracos, numa extensão próxima a 10 Km, tomaram conta da estrada.

Avaliei a situação. Estava, realmente, disposto a dormir em casa. Não devia perder tempo. O medidor de combustível do automóvel marcava pouco menos de 1/4 de tanque. "O veículo é econômico, dá para chegar em Rio Verde e lá eu abasteço", imaginei.

Peguei a estrada. Cruzei, em sentido contrário, os cinco quilômetros de eucaliptos que margeiam a GO-206 que dá acesso a Caçu. Cheguei à BR-364. Venci os 20 Km até o trevo da GO-174 em pouco menos de 20 minutos. Iniciei a paciente travessia dos buracos. Como já sabia, o velocímetro do carro não passou dos 30 Km.

Comecei a observar o medidor de combustível. O ponteiro tinha baixado um pouco. Fazia calor. "Nem pensar em ligar o ar-condicionado do carro", disse a mim mesmo. Era necessário poupar combustível. Comecei a suar com os vidros levantados. A poeira era intensa. Demorou, mas saí do trecho mais crítico da estrada. Os buracos ficaram para trás.

Agora, sim, seria possível trafegar a 100 Km/h. No horizonte, o sol dava sinais de que iria se recolher. A viagem prosseguia tranquila. Só restavam cerca de 50 Km para chegar a Rio Verde. Olhei novamente o medidor de combustível. Havia baixado bastante. Entrou na reserva.

"Será que consigo chegar a Rio Verde com este combustível?", comecei a questionar. De um lado e de outro da rodovia só avistava grandes plantações: soja, algodão, milho, sorgo, cana, girassol, entre outras culturas. Nenhum posto de gasolina, nenhuma parada confiável.

Mas tinha que prosseguir o meu percurso. A essa altura, eu não desgrudava o olho do marcador de combustível. O ponteiro insistia em baixar. A preocupação aumentou. Logo seria noite. "Se o combustível acabar aqui, no meio do nada, a quem vou recorrer?", era a dúvida que me assaltava. Única alternativa: esperar um carro e pedir ajuda.

É claro que existiam riscos. Sozinho a coisa complicava. Lembrei das manchetes de TV e jornais da véspera: "Quadrilha de assaltantes presa em Caçu". E mais: "Polícia Federal desbarata na região quadrilha que traficava drogas". E havia um detalhe complicador na situação: sinal de celular não pega na estrada.

Tinha que continuar rodando até onde permitisse o combustível. A rodovia deixou de ser plana. Começou um sobe e desce de morros. "Para economizar, vou aproveitar as descidas e colocar o carro em ponto-morto", raciocinei. Foi o que fiz. Mesmo assim, o ponteiro baixava. Estava muito próximo do zero.

De repente, avistei Rio Verde. Como estava no topo de uma ladeira, calculei que a cidade deveria estar a, no mínimo, 20 qulômetros. "Será que tenho combustível suficiente?", era a dúvida que não queria calar. Pensei em parar o carro e pedir ajuda.

Mas deparei-me com um novo morro pela frente. Tinha que acelerar o carro para subir. O que restava de combustível estava prestes a acabar. Mesmo assim, subi o morro. Agora tinha pela frente uma descida generosa. Cerca de quatro quilômetros. Hora de recolocar o carro em ponto-morto.

Avistei, com grande satisfação, novos indícios da cidade. Logo à frente uma placa da indústria Kowalski. Bom sinal. Rio Verde se aproximava, de fato. O contador de combustível próximo a zero. Cheguei no anel viário que dá acesso à cidade. Parei o carro. Liguei o pisca-alerta. Estava disposto a seguir à pé para procurar um posto de combustível.

Por pura coincidência, avistei a 200 metros uma placa indicando o que eu mais precisava naquele momento: combustível. Liguei o carro. Ele foi como que deslizando até o posto. O frentista que me atendeu olhou para o marcador e concluiu: "Hi, doutor, esse carro estava andando só com o cheiro do álcool".

A Jangada e o Mar


Estive em Fortaleza na semana passada. Revivi paisagens belíssimas. A cidade cresce num ritmo frenético. Nesse aspecto, é bem diferente daquela que conheci há 18 anos atrás. "O mercado imobiliário está aquecido", revelam as manchetes de jornal. E, de fato, está. A cada esquina outdoors anunciam um novo condomínio de luxo.

Mas a cidade não é só beleza. É bom que se diga, antes que me acusem de difundir uma visão panglossiana, como se vivéssemos no melhor dos mundos possíveis. Fortaleza possui grandes contrastes sociais. Muitos bolsões de pobreza e algumas pequenas ilhas de prosperidade. Situação, de resto, comum às metrópoles brasileiras.

Apesar dessa situação, a cidade encanta turistas e visitantes. A natureza é generosa. O mar verde ensaia um extenso degradê. Céu e mar tingem a paisagem com cores fortes, marcantes. A brisa que sopra, constante, deixa a temperatura mais amena.O ar que você respira é ameno, tépido ar de maresia.

Confesso que fiquei particularmente encantado com uma cena típica de cartão-postal. Do alto do quarto de hotel onde estava hospedado divisei uma pequena jangada branca. Próxima à linha do horizonte, ela singrava o mar, tendo o céu azul e o sol como testemunhas. Era por volta das 16 horas.

Impossível não guardar essa visão na memória. Daí a pouco o sol começou a se por. Fui brindado com a visão de uma imensa bola de fogo alaranjada que se recolhia diligentemente. Era como se todo o esplender da natureza estivesse congelado naquele momento, num quadro singular. O que fazer diante de tanta beleza? Apenas duas coisas: reverenciar e agradecer.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Crônica do Avião


Cheguei ao aeroporto, em Goiânia, ligeiramente atrasado. Estavam chamando para o embarque. Corri para fazer o check-in. Etiquetaram as bagagens. Passei pelo detector de metais. A fila já estava formada para entrar na aeronave. Embarquei no avião. Procurei a minha poltrona: 12-D. Coloquei as bolsas de mão na bagageiro. Ufa! Sentei para descansar. Dei-me, ainda, ao trabalho de lembrar de desligar o aparelho celular.

Os passageiros, mais atrasados que eu, também procuravam se acomodar em suas poltronas. Ou melhor, tentavam. Aconteceu um intenso troca-troca de assentos. As comissárias de bordo, solícitas, cuidavam para que tudo se ajeitasse da melhor forma possível. O objetivo era zelar para que o vôo saísse rigorosamente no horário marcado.

Mas, de repente, algo inesperado. Um telefone celular toca. Trinnnnnn!Os passageiros, já sentados e com seus cintos afivelados, prontos para decolar, se entreolham. Pareciam dizer: "Não é o meu celular que está tocando". Ao mesmo tempo, queriam encontrar o babaca que deixou o celular ligado. O toque insistente não para: Trinnnnn!

A comissária de bordo interroga: "De quem é o aparelho que está tocando?". Imediatamente respondo: "Não é o meu". Do meu lado, alguém sugere: "O toque está tão próximo, deve ser de alguém que esqueceu ligado na bolsa do bagageiro". Um senhor grisalho levanta-se. Abre o compartimento. Verifica a bolsa e conclui triunfante: "Não é o meu". Enquanto isso, o maldito aparelho: Trinnnnn!

Inicia-se a algazarra. A impaciência toma conta dos passageiros. A aeronave não pode decolar com um celular ligado. Todos correm perigo. Trinnnnn! Ele insiste em se manifestar. A impaciência aumenta.

A chefe de gabine anuncia pelo serviço de som: "Por favor,senhores passageiros: precisamos identificar o dono do celular para que o aparelho seja desligado. O avião só poderá decolar após esta providência". Olhares acusatórios são trocados, como se dissessem: "Você aí do lado não vai desligar essa geringonça?".

Trinnnn! O barulho está muito próximo. "Só se alguém deixou cair debaixo da poltrona", sugere o senhor da poltrona 11-A. Os passageiros, agoniados, se abaixam para localizar o celular. Trinnnnn! Ele volta a insistir. E nada de localizá-lo.

De repente, me dou conta: "Será que é o meu?", penso com os meus botões. Lembro, perfeitamente, de tê-lo desligado. Ainda asssim, para desencargo de consciência, apalpo o bolso. Só então descubro, constrangido, querendo sumir da poltrona, que o Trinnnnn! é do meu aparelho.

Com um toque rápido no botão vermelho do celular devolvi a paz e o silêncio ao vôo 3957 com destino a São Paulo. Assim, cheio de vergonha, descobri o mistério: o Trinnnn era o despertador, que é ativado mesmo com o aparelho desligado. Vivendo e aprendendo.

Em tempo: esta crônica foi escrita hoje, entre 7h05 e 7h35, dentro do avião, no trajeto entre Goiânia e São Paulo.

sábado, 24 de maio de 2008

Bate-Bola com o Mar


O céu era azul. O sol reinava soberano. A brisa marinha soprava o seu hálito fresco. Os banhistas seguiam a rotina de verão: uns caminhavam sem pressa pela praia; outros deixavam-se quedar em cadeiras voltadas para o mar. Vendedores ambulantes ofereciam queijo, óculos e roupas de banho.

Alheio a todos, um menino se divertia com uma bola. Devia ter cerca de 12 anos. Pele morena curtida de sol. Uma ginga de corpo muito peculiar. No princípio, fazia embaixadas. Depois, descobriu um parceiro de jogo: o mar.

Explico: o garoto chutava a bola em direção as ondas; estas, com a sua força, conduzia a bola de volta à praia e aos pés do garoto. A cena, aparentemente banal, se repetiu diversas vezes.

O bate-bola aconteceu em Fortaleza, na praia do Futuro, há cerca de seis anos. O menino virou homem. Fico a imaginar: será que ainda joga bola com o mar?

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Péres: Uma Referência Ética


Ele era baixinho e raquítico, porém, temido por muitos, especialmente pelos corruptos. Na tribuna, a sua voz era poderosa. Agigantava-se ao defender a democracia e a liberdade. Seu nome: Jefferson Péres. Um dos políticos mais brilhantes no Congresso Nacional. Hoje, pela manhã, sua voz se calou.

Na tribuna, expressava-se de maneira pausada e firme. Era dono de uma oratória brilhante. Sem concessões. Sem demagogia. Guardada as diferenças históricas, lembrava Teotônio Vilela, o menestrel das Alagoas.

O senador amazonense foi um bravo. Muitos o classificavam como uma referência ética na política brasileira. E de fato foi. Parlamentar aguerrido, Péres notabilizou-se pela coragem e pela coerência. Quando subia na tribuna (não fazia muitos discursos), sabia-se que o seu pronunciamento teria grande repercussão.


No lodaçal em que se encontra a política brasileira, era um dos poucos que se mantinha intacto. Não se deixou contaminar, nem se cegar pelo brilho do poder. A coerência, a lucidez, a coragem, a sabedoria, a rebeldia sensata e madura de Jefferson Péres farão falta ao Brasil.

Parabéns senador. Que a sua luta e o seu exemplo não sejam em vão. Descanse em paz.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Neruda em Goiânia



Na década de 50, Goiânia ainda dava os seus primeiros passos. Ela havia surgido no meio do nada. Começou a ser construída duas décadas antes. Pode-se dizer que foi fruto da Revolução de 30. Pedro Ludovico, que representava esse novo poder no Estado, era ferrenho opositor das antigas oligarquias dominantes. Mudou o centro do poder da Cidade de Goiás (antiga Vila Boa). Investiu numa cidade planejada. Ousou.

Havia necessidade de romper com o velho, com o antigo, com o decadente. Inaugurada oficialmente em 1942, durante o Batismo Cultural, Goiânia tinha que se firmar politicamente, socialmente e culturalmente. Nos seus primórdios havia muitas carências. Uma curiosidade: por um tempo, a energia elétrica que abastecia a cidade era de um motor de submarino, adquirido pelo Estado logo após o fim da 2a. Guerra Mundial.

Culturalmente, o grande marco da década de 50, indiscutivelmente, foi o Congresso Internacional de Escritores, realizado em 1954. Para cá afluíram intelectuais de toda a América Latina e do Caribe. Entre todos, o nome mais famoso foi o de Pablo Neruda, um dos maiores poetas do século XX e ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 1971.

O que poucos sabem é que Goiânia foi cenário de um dos poemas de Neruda. Ele se chama "Oda Al Pájaro Sofré". Neruda, com o seu lirismo aguçado, trata no poema de um pássaro que levou para o Chile, mas que teve um fim trágico: morreu (provavelmente) de frio. O poema foi incluído no seu livro "Odas Elementales", publicado em 1954.

Eis o trecho do poema, no original, em espanhol:

Te enterré en el jardín:
una fosa
minúscula
como una mano abierta,
tierra
austral,
tierra fría
fue cubriendo
tu plumaje,
los rayos amarillos,
los relámpagos negros
de tu cuerpo apagado.
Del Matto Grosso,
de la fértil Goiania,
te enviaron
encerrado.
No podías.
Te fuiste.
En la jaula
con las pequeñas
patas tiesas,
como agarradas
a una rama invisible,
muerto,
un pobre arado
de plumas
extinguidas,
lejos
de los fuegos natales,
de la madre
espesura,
en tierra fría,
lejos.
(...)

Soneto da Fidelidade


Aqui, como se pode constatar, uma coisa puxa outra. Ao falar do compositor Vinícius, não se pode esquecer do poeta Vinícius. E ao se falar do poeta Vinícius não dá para esquecer alguns de seus poemas que se incorporaram ao nosso imaginário coletivo. É o caso do Soneto da Fidelidade, que transcrevo a seguir:

De tudo, meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor ( que tive ) :
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


Se ler estes versos é um deleite, imagine vê-lo declamado pelo próprio poeta. É o que veremos a seguir. Postei o vídeo do Vinícius. Que tal conferir?

Garota de Ipanema: Eterna

Chega de Saudade, O Barquinho, Garota de Ipanema se tornaram grandes clássicos da Bossa Nova. Das três, Garota de Ipanema consagrou-se como uma das canções mais executadas em todo o mundo, ao lado de Yesterday, dos Beatles. Que tal conferir Garota de Ipanema executada por uma dupla espetacular: Tom Jobim e Vinícius de Moraes? Imperdível.

Bossa Nova: 50 Anos

Ritmo genuinamente brasileiro, a Bossa Nova está completando 50 anos. E tem muito o que comemorar. Ela é reconhecida mundialmente. Os seus criadores figuram, com muita justiça, entre os grandes gênios da música popular do século XX. No vídeo abaixo confira uma performance espetacular do quarteto: Tom Jobim, Vinícuius de Moraes, Toquinho e Miúcha.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Mídia Construtiva Rompe Fronteiras

A mídia espetáculo, que transforma a notícia em show, é um fato. Ela está presente no nosso cotidiano. Basta ligar a TV, folhear jornais e revistas, sintonizar o rádio e acessar a Internet. Explora-se a exaustão um assunto com o propósito eminentemente comercial. A boa notícia: existe uma reação a tudo isso. Grupos organizados em todo o mundo procuram disseminar um outro tipo de mídia:a mídia construtiva.

A princípio, o movimento pode parecer uma ação de idealistas. Na verdade é. Mas com uma diferença: são pessoas que sonham, mas tem os pés bem fincados no chão. Ou seja, não guerreiam contra moinhos de vento. Possuem objetivos claros e estratégias bem delineadas. De pouco adianta apenas criticar a mídia pelo baixo nível de sua programação. É necessário oferecer alternativas.

O Pangea Day, que será realizado no próximo dia 10 de maio é uma delas. Neste dia serão exibidos 24 curtas-metragens que foram selecionados entre mais de 2.500 produções. São mais de 100 países envolvidos. Os filmes foram feitos tendo em vista inspirar, transformar e transmitir empatia por meio do cinema.

O objetivo do projeto, segundo os organizadores, é unir o Planeta em que as pessoas estão divididas por fronteiras, conflitos e por diferenças ideológicas e religiosas. Querem mais: mostrar o que as pessoas tem em comum. Ou seja, os seus anseios, sonhos, carências e emoções.

Clique abaixo e confira o vídeo de divulgação do Pangea Day. Vale a pena conferir.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Os Trajes da Verdade


"Não há nenhum pensamento importante que a burrice não saiba usar, ela é móvel para todos os lados e pode vestir todos os trajes da verdade. A verdade, porém, tem apenas um vestido de cada vez e só um caminho, e está sempre em desvantagem"

A frase é do escritor austríaco Robert Musil, retirada do seu livro O Homem sem Qualidades, considerada uma obra-prima em razão de sua apurada técnica literária. Trata-se de um questionamento sobre a postura do indivíduo alienado diante da sociedade de massas. Mas, não resta dúvida: o autor, aparentemente, apresenta uma visão amarga da vida.

Mas as aparências enganam. O livro também é recheado de humor e sátira, como observou num ensaio sobre Musil, o crítico Marcelo Backes. Ele teceu o seguinte comentário sobre a obra:

"...O homem sem qualidades é uma bola de neve de ações paralelas, que rola pela montanha do século abaixo, abarcando tempo e espaço, para ao fim engendrar um romance inteiriço, ainda que multiabrangente, pluritemático e panorâmico.Ulrich – o homem sem qualidades – faz três grandes tentativas de se tornar um homem importante. A primeira delas é na condição de oficial, a segunda no papel de engenheiro (vide a carreira do próprio Musil) e a terceira como matemático, exatamente as três profissões dominantes – e mais características – do século XX".

Backes acrescenta a seguinte observação: "Os três ofícios são essencialmente masculinos e revelam o semblante de uma época regida pelo militarismo, pela técnica e pelo cálculo que, juntos, acabaram desmascarando o imenso potencial autodestrutivo da humanidade. O relato acerca da busca “desencantada” de Ulrich lembra a velha busca – ainda sagrada – do Santo Graal".

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Uma lenda de 68: Dany le Rouge



Maio de 68 começou em março. Explico. Dois meses antes da guerrilha urbana de Paris iniciar, aconteceu um conflito na Universidade de Nanterre. O motivo era prosaico: a Reitoria baixou uma norma proibindo os rapazes de visitar as moças em seus alojamentos. Por isso, o meu amigo Euler Belém, jornalista, brinca: 68 reiventou o 69.

Pois bem, um estudante judeu-alemão liderou um grupo de cem colegas contra essa decisão. Eles ocuparam a Reitoria. Assustado, o reitor tomou a decisão de chamar a polícia para desalojar os jovens rebeldes. O rastilho de pólvora estava aceso. Os estudantes de Nanterre foram para a Sorbonne (Universidade de Paris) para conquistar a solidariedade de seus pares.

O estudante que liderava a manifestação tinha os cabelos vermelhos. O seu nome: Daniel Conh-Bendit. Daí o apelido: Dany le Rouge (Daniel, o Vermelho). A sua fama alastrou-se. A liderança consolidou-se. Para alguns, ele era um Robespierre de Centro Acadêmico.

Dany era bolsista do governo alemão, filho de pais judeus que emigraram para a França fugindo do Nazismo. Em Nanterre, foi aluno de um professor brasileiro, exilado em Paris, que anos depois seria Presidente da República: Fernando Henrique Cardoso. Hoje, Dani é deputado do Parlamento Europeu pelo Partido Verde. Portanto, não é mais vermelho.

1968: O Poder Jovem nas Ruas


Mês que vem, comemora-se os 40 anos do Maio de 1968. Mas, há motivos para comemoração? Este é o questionamento que você pode fazer de cara. Será que não se está apenas incensando aquele bando de filhinhos-de-papai que saíram às ruas de Paris queimando carros, arrancando paralelepípedos, invadindo universidades e jogando pedras em policiais?

É claro que os episódios daquele ano podem ser analisados sob outra óptica completamente distinta. Foi nesse período que os ideais de liberdade e modernidade se fizeram sentir com mais intensidade, em especial, entre os jovens, filhos do pós-guerra. O chamado Poder Jovem insurgiu-se contra a autoridade. Que podia ser representada pelo pai, professor, chefe, burocrata, presidente ou rei.

Naquele ano mítico, tudo parecia possível. O homem estava próximo da lua. Os meios de comunicação, em especial a TV, interligavam o mundo via satélite. Pela primeira vez as famílias de classe média acompanhavam os horrores da guerra de sua sala de estar. A barbárie da guerra do Vietnã era mostrada com toda a sua crueza. O mundo vivia em plena Aldeia Global.

Enquanto isso, a revolução embalava os ideais juvenis. Daí o slogan famoso dos estudantes de Paris: "Seja realista, exija o impossível". Ou outro, que estava estampado nas pichações das universidades: " É proibido proibir". Entrincheirados em suas barricadas, também exigiam "A imaginação no poder". De Gaulle, o presidente francês, foi envolvido por um mutismo sepulcral.

A rebelião da juventude em 1968 era planetária. Além da França, também sacudiu a Alemanha, a Inglaterra, a Itália, e até países da chamada "cortina de ferro", como a Iuguslávia, que protagonizou a Primavera de Praga. Na América do Sul, os ecos foram ouvidos no Brasil e na Argentina, bem como na América do Norte - México e Estados Unidos.

Nos EUA, o movimento ganhou as ruas, sobretudo em razão da grande insatisfação da opinião pública norte-americana com os rumos da Guerra do Vietnã. Os jovens rebelaram-se contra o alistamento militar. Recusavam-se a ser bucha de canhão numa guerra sem sentido. Somava-se a isso, a luta pelos direitos civis, contra o racismo e pelos direitos das mulheres.

Quatro décadas depois, o que representou 1968? A revolução sonhada, é certo, não se concretizou. De toda sorte, um marco profundo se fez sentir nos costumes e na cultura. O mundo conservador, careta, reacionário, teve que dar passagem a idéias bem mais arejadas. Para o bem ou para o mal, independente da idade que se tenha hoje, somos herdeiros dos sonhos que embalaram aqueles tempos.

O vídeo abaixo dá uma idéia da rebelião e de como foi o conflito entre os estudantes e os policiais. Paris, a cidade dos amantes, tornou-se, literalmente, uma praça de guerra. Confira.

sábado, 12 de abril de 2008

Norah Jones: Voz de Veludo

Ela é o oposto da sua colega inglesa Amy Winehouse. Bem comportada, bem vestida, bem falada, enfim, boa moça. O seu jeito é meigo. Os seus gestos são comedidos. A voz, bem a voz, está a altura das grandes divas do jazz. Voz de veludo. Ela é Norah Jones. Vale a pena vê-la e ouvi-la.Clique.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Pérolas de Joel Silveira


Hoje, 7 de abril, comemora-se o Dia do Jornalista. Para homenagear a data, nada melhor do que falar de alguém que encarnou tão bem o jornalismo no Brasil. Trata-se de Joel Silveira, que sobreviveu a duas ditaduras: a de Vargas e a dos Militares.

Joel Silveira foi correspondente na Segunda Guerra Mundial, na Itália. Publicou mais de 40 livros. Em razão do seu estilo jornalístico, ganhou do dono dos Diários Associados, Assis Chateaubriand, o apelido de "víbora". Joel faleceu no dia 15 de agosto de 2007, aos 88 anos, no Rio de Janeiro.

São clássicos do jornalismo brasileiro duas reportagens de sua autoria sobre a sociedade paulistana: "Eram Assim os Grã-Finos de São Paulo" e "A Milésima Segunda Noite da Avenida Paulista". Para os amantes do bom texto que quiserem saborear o estilo de Joel vai uma dica de leitura: Guerrilha Noturna (Editora Record, 1994).

Foi desta obra que retirei os cinco aforismos abaixo. Deliciem-se.

Aforismo 27

Levei anos e anos para aprender a dizer não, mas aprendi. Agora o não me sai com a maior facilidade, sem qualquer inibição ou constrangimento.
Fulano, um espertalhão que conheço desde o começo dos tempos, e a quem já concedi, complacentemente, milhares de sins, me telefona:
- Você poderia...
E antes que ele continue, brado:
- NÃO!

Aforismo 67

"Há políticos que ignoram a realidade. Em compensação, a realidade também os ignora." - É de Karl Marx, que muita gente apressada imagina ter enterrado de vez.


Aforismo 132

Informa, em tom solene, o nobre senador: "Na Democracia, todos tem direito a discutir as suas idéias".
Que os organismos internacionais, a começar pela ONU e pela Corte de Haia, e mais os governos do mundo inteiro, sejam cientificados com a maior urgência da espantosa revelação. Confesso que a mim ela ocasionou febre de quarenta graus, tosse convulsiva e batidas aceleradas no coração.

Aforismo 179

A profissão de jornalista tem uma desvantagem capital, entre outras menores: obriga o jornalista a conhecer toda espécie de pessoa, gente demais. E conhecer gente demais implica decepção demais, desencanto demais - e, até, o que é ainda mais incômodo, enjôo demais.

Aforismo 206

Aquele jornalista (ou "cientista político", como prefere ser chamado) é tão autosuficiente que se alguém lhe disser que andam falando em seu nome para a sucessão presidencial, ele, em vez de rir da pilhéria, será capaz de responder, enfático e pomposo:
- São idéias dos meus amigos... De qualquer maneira, não tomarei qualquer atitude sem antes consultar as minhas bases no Olimpo.

Tempo para Refletir


"O tempo é a imagem em movimento
da eternidade imóvel".
Platão


Luiz Carlos Maciel, jornalista , roteirista, diretor de teatro, professor e escritor, é um craque do vernáculo. Saudado como guru da contracultura, Maciel foi colaborador do Pasquim e um dos fundadores da edição brasileira da Revista Rolling Stones. Em março de 2003, Maciel escreveu um artigo sobre o tempo, no caderno "Fim de Semana", da Gazeta Mercantil. O texto é ilustrativo do seu talento.

O artigo é um primor. Tanto do ponto de vista estilístico, quanto da precisão da linguaguem; erudito e filosófico. Induz à reflexão. Na epígrafe, cita Caetano Veloso: "Por seres tão inventivo/E pareceres contínuo/Tempo Tempo Tempo Tempo/ És um dos deuses mais lindos". Trata-se da letra da canção "Oração ao Tempo".

Ah, não citei o título do artigo. Chama-se "O Tempo Somós Nós". Este, sem dúvida, é um tema instigante. Sempre povoou o nosso imaginário, desde o início dos tempos, nos primórdios da civilização, quando o homem começou a refletir sobre a sua posição no universo.

Você deve estar se perguntando: por que citar este artigo agora? Por uma razão prosaica. Estava em casa, limpando uma gaveta, quando saltou em minhas mãos o caderno "Fim de Semana", da Gazeta Mercantil. Folheei. Cheguei ao artigo, que ocupa toda a contra-capa. Não resisti. Reli com prazer o texto de Maciel.

Foi então que tive a idéia de transcrever alguns trechos, que considero os mais significativos do artigo, como forma de homenagear o autor. Maciel nasceu no dia 15 de março de 1938, em Porto Alegre (RS) e mora, atualmente, na cidade do Rio de Janeiro.

"O objetivo fundamental da ciência ocidental, em relação ao tempo, foi - e ainda é - medi-lo com objetividade e precisão. O relógico mecânico, inventado no século XIII, obedecia a este propósito. As mudanças que trouxe foram importantes, ele modificou a própria organização da sociedade - e inaugurou uma nova civilização, atenta à passagem do tempo e, portanto, à produtividade e ao desempenho".

***

"A concepção comum do tempo o considera uma estrutura tríplice: passado, presente e futuro. Nenhum desses três momentos existe, a rigor. O passado não existe mais; o futuro ainda não existe; o próprio presente é mera passagem abstrata do passado para o presente, sua vigência se reduz ao instante inextenso. Mas se o tempo não existe, por que nos parece tão real, a ponto de falarmos, por exemplo, em ter e não ter tempo? Há um esforço por parte do pensamento humano para conferir realidade ao tempo".

***
"(...) O caráter fixo do passado, sua imobilidade, são tão necessários para ancorar o fluxo do tempo, mesmo sem negar o outro mundo da eternidade imóvel, que até mesmo os teólogos não hesitaram em limitar a onipotência de Deus, negando-lhe o poder de modificar o passado. Deus pode tudo, menos desfazer o que já aconteceu. Quanto ao futuro, sabe-se que virá mas não se sabe o que será e em que irá inevitavelmente se transformar. E o presente não cessa de nos escapar, a cada instante; ele perpetuamente aniquila a si próprio. O tempo é relativo e indeterminado".

domingo, 6 de abril de 2008

Gol de Placa

Não resisti ao impulso de postar este comercial. Eu o conheci no site da agência de publicidade Insight. É extremamente criativo. Mas, ao mesmo tempo, simples. Conta uma história emocionante. Um gol de placa da marca de chocolate norueguesa Stratos. Vale a pena conferir.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

A Palavra Revitalizada


Littera scripta manet. Esta é uma máxima romana, proferida pelo poeta Horácio, há cerca de 2 mil anos. Significa: a palavra escrita permanece. Será que esta sentença continua atual?

Estou convicto que, em plena era digital, a palavra está a cada dia mais fortalecida. A palavra escrita assenta-se num posto privilegiado. Diferente do que alguns chegaram a cogitar, o advento das novas tecnologias reforçou a sua importância.

Este Blog, assim como milhões de outros que circulam pela realidade virtual, é uma prova do vigor da escrita, do texto. O mesmo poderíamos dizer dos e-mails. A efervescência da comunicação não pode prescindir da palavra. Ponto para os escribas.

No caso específico dos Blogs, deve-se atentar para um fenômeno curioso. Ele extingue as fronteiras que separam autor, editor e leitor. Neste aspecto, retoma-se uma tradição dos monges medievais, anterior à invenção de Gutemberg, dos tipos móveis.

Quem chamou atenção para esse aspecto foi o estudioso Paul Saffo, do Instituto para o Futuro, da Califórinia. Ele também observou que os blogueiros pesquisam, assimilam, selecionam e editam os seus textos. Tudo isso, praticamente, em tempo real.

"Nos tempos de Gutemberg" - comentou Saffo - "o prelo deu vida aos textos e os difundiu, mas com o terrível ônus de torná-los formais e imutáveis - as palavras imobilizavam-se como insetos paleolíticos aprisionados no âmbar".

Ainda, segundo Saffo, "o texto eletrônico transformou-se num novo meio de comunicação, que combina a fixidez da prensa com a capacidade de alteração do manuscrito. Aciona-se um tecla, e centenas de linhas evaporam-se numa fumaça virtual; apertando-se outra, elas reaparecem na tela num instante. Separado do precário papel, o texto pode ser tudo, menos indestrutível".

O Escritor dos Labirintos


Uma vez, comentando a obra de Jorge Luis Borges, o escritor e ensaísta peruano Mario Vargas Llosa, o definiu com as seguintes palavras:

"O estilo borgiano é um dos milagres estéticos do século que termina, um estilo que desinflou a língua espanhola da elefantíase retórica, da ênfase e da reiteração que a asfixiavam; que a depurou até quase a anorexia e a obrigou a ser luminosamente inteligente".

Sem dúvida, um claro reconhecimento a um dos maiores mestres das letras do século XX. Saudado pela crítica mundial como o escritor dos labirintos, dos tigres, das facas, Borges deixou para a posteridade uma sentença que é a sua imagem.

"Somos nossa memória, esse quimérico museu de formas em constante mudança e esse amontoado de espelhos partidos".

Ainda mais instigante é esta outra sentença retirada do seu livro Aleph:

"Ser imortal é insignificante ; com exceção do homem, todas as criaturas o são, pois ignoram a morte; o divino, o terrível, o incompreensível é saber-se imortal"

Que é Comunicação?


Comunicação é um campo amplo e fértil. Trabalha-se a inteligência, a consciência, as idéias. Por isso, esta é uma área que se aperfeiçoa constantemente. Está sempre em movimento e desenvolvimento. Tanto no que se refere a técnicas, quanto a instrumentos. O objetivo que a comunicação almeja, constantemente, é sempre o mesmo: conquistar os corações e as mentes.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Santa Felicidade



Este é o nome de uma confraria da qual faço parte. As reuniões são semanais. Ao contrário do que parece, não damos notas para vinhos. Não discutimos - a sério - safras, harmonizações, terroirs, e outros temas de iniciados. Afinal, somos leigos.

A conversa - sobre qualquer assunto - é tão importante quanto o vinho que bebemos e o prato que comemos. O bate-papo deve, necessariamente, ser descontraído. Quanto mais humor melhor. O estoque de piadas deve ser maior que o de vinho. Por isso, pode-se dizer: é uma celebração de amigos. Isto é: Santa Felicidade.

Amy Winehouse

Ela é a nova pequena rebelde da música inglesa. Inúmeros escândalos estão associados à sua imagem. Já disseram que a sua voz "soa como o fantasma da Sarah Vaughan". Não cansam de apontar que as suas ações são auto-destrutivas. E são.

O seu penteado em forma de bolo de noiva, os seus olhos fortemente marcados por sombreadores, os seus braços tatuados com imagens de pin-ups old school, as suas roupas desleixadas, as suas aparições públicas alcoolizadas, tudo chama atenção.

Mas nada disso suplanta a sua voz. A tristeza intrínseca é como um brado abafado. O seu R&B retoma a melhor tradição do gênero. Em todo o seu ser, ela condensa a rebeldia do Rock and Roll. Senhoras e senhores, com vocês: Amy Winehouse.

sábado, 29 de março de 2008

Comercial Nota 10

A partir deste Post vou comentar alguns comerciais que admiro. É o caso deste da Sony Bravia. As imagens falam por si, mas possuem como suporte uma ótima trilha musical. A somatória é poesia em movimento. A excelência técnica, que resulta na qualidade final do comercial, reforça a Sony e o seu produto: o televisor Bravia. Em outras palavras: Assegura recall para a marca. É um investimento que gera retorno, líquido e certo.

Hardy: Vinho e Música

Sabe-se que os vinhos franceses são estupendos. A reputação dos antigos gauleses no setor é incontestável. Sabe-se, também, que os vinhos de boas safras, os chamados de guarda, envelhecem e melhoram. Nem todo vinho que envelhece é bom. Muitos viram vinagre.

Existe paralelo entre vinho e música? Claro que existe. Alguns cantores(as) envelhecem e ficam melhores. O mesmo pode-se dizer de muitas bandas. São clássicos. Portanto, eternos. Vou dar um exemplo da própria França. A cantora Françoise Hardy. O seu apogeu popular foram os anos 60 e 70 do século passado. Vendo as suas apresentações mais recentes, constata-se: é como vinho de guarda. Evolui.

Vale a pena ouvi-la tomando um bom vinho, francês de preferência. Não precisa ser caro. Nem sempre o caro é melhor. Assim como, nem sempre o novo é melhor. É preciso a prova do tempo. Vale para o vinho, vale para a música. Tim-Tim.

sexta-feira, 28 de março de 2008

O Tejo é Mais Belo



O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.
O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.

O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.

Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.

O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.

Poema de Alberto Caeiro - Heterônimo de Fernando Pessoa

terça-feira, 25 de março de 2008

Percepção e Realidade


Se a vida é sonho, para alguns, e pesadelo, para outros tantos, é necessário - em definitivo - concordar com Ries e Traut: "A percepção é a realidade". Ou seja, Huxley com o seu "As Portas da Percepção" continua sumamente atual.

Diferente e igual


Em tempos de clonagem, é necessário fugir da padronização. Parece um paradoxo. E é. Estamos em plena modernidade (ou pós-modernidade, como preferem alguns teóricos), onde só é possível entender o mundo atual através de paradoxos. Por mais contraditório que isso possa parecer.

Todo este nariz de cera, só para concluir o seguinte: para ser diferente você tem que parecer único. Para ser único, você tem que ser igual... aos que são diferentes.

Depois do 11 de setembro


Do alto de sua prepotência, a superpotência (EUA) não tinha se dado conta: havia se preparado para a Guerra nas Estrelas mas tinha que enfrentar o "Exército de um Homem Só". Com seu fabuloso e colossal arsenal bélico não tinha agilidade para enfrentar o inimigo armado de... informações.

Flexibilidade para se adaptar às mudanças é uma questão chave nos dias que correm. Isso vale para todos os campos, não apenas para os de batalha. Inclua-se, também, o corporativo - que muito se assemelha àquele.

Ou você muda ou é mudado. Melhor: mudam com você ou de você. Para entender a forma de ação que se exige na nova economia, pode-se recorrer a uma máxima do ex-lutador de boxe Muhammad Ali, lembrada por Tom Peters: "Flutuar feito borboleta, picar feito abelha".

Tecnologia e Percepção


Uma máxima do marketing que continua mais atual que nunca:
"A evolução da tecnologia resultou numa multiplicidade de suportes para a transmissão de idéias - e em novos hábitos das pessoas em relação à mídia, que trouxe sérias dissonâncias ao próprio processo de percepção".

Marketing é Percepção



"Muita gente pensa que o marketing é uma batalha de produtos. No final das contas, supõem-se, o melhor produto vencerá. É uma ilusão. Tudo o que existe no mundo do marketing são percepções na mente dos clientes. A percepção é a realidade".
(Al Ries e Jack Traut - As 22 Consagradas Leis do Marketing)

Batalhas Íntimas

"As maiores batalhas da vida são travadas, diariamente, nos silenciosos compartimentos da alma".
David O. McKay

Álbum de Fotografias


Para uma breve reflexão, um pequeno poema do grande poeta inglês T. S. Eliot.

Lar é de onde se vem.
À medida que envelhecemos
O mundo se torna mais estranho,
Mais intrincada essa questão
De distinguir mortos e vivos.
No intenso momento
Isolado, sem antes e depois,
Mas uma vida ardendo a cada instante
E não a vida de um homem apenas.
Há um tempo para
Anoitecer à luz dos astros,
Um tempo para anoitecer
À luz das lâmpadas
(Anoitecer com o álbum de fotografias).

sábado, 15 de março de 2008

Influência da Internet


O poder de influência da Internet está em alta. Diga-se, em diferentes setores. Na política não é diferente. No processo eleitoral nos EUA isso foi comprovado recentemente. A notícia, abaixo, saiu no blog do prefeito César Maia, do Rio de Janeiro.

"Segundo um estudo da Pew Research Center for the People & The Press e Pew Internet & American Life Project, 24% dos americanos disseram que a Internet é a principal fonte de notícias para esta campanha. Em 2004, no mesmo estudo, apenas 13% o afirmaram.

Esta investigação concluiu ainda que a Internet é o principal espaço para os jovens entre os 18 e os 20 anos. Nesta faixa etária, 42% dos inquiridos atestaram que utilizam regularmente a Internet para se informarem sobre os candidatos e as incidências da campanha. Em 2004, este número apenas atingia os 20%".

Esmeralda


No ventre da terra
ocultas tuas
vestes de gala.

Mimetizas as cores
da floresta tropical
que transpira aurora.

Refletes ao sol
os verdes mares
do teu corpo raquítico.

Altiva, encaras
o destino que te fez
eterna: esperança.

(Francisco Barros)

sábado, 8 de março de 2008

Rádio É


A Internet é uma fronteira de imensas possibilidades. Ainda está muito longe de ser esgotada. As mídias tradicionais, que pareciam ameaçadas, podem até sair fortalecidas se decifrarem o enigma Internet. O rádio, entre outras mídias, está se dando conta disso. É nesse contexto que deve ser saudada a iniciativa de Antônio Leal que lançou na Internet a sua Rádio É.

A qualidade que se ouvia na Rádio Companhia agora está ao alcance de um click. Ouve-se o melhor da MPB, Jazz, Blues, poesias declamadas e informação de qualidade. Tudo 24 horas, com interatividade. O ouvinte/internauta pode sugerir músicas, textos, autores, opiniões, críticas, poesias. O projeto merece aplausos por todos que valorizam a cultura e o bom gosto.

Ah, já ia esquecendo, o endereço eletrônico é o seguinte: www.radioe.com.br
É claro que vou deixar um link no meu blog para os internautas/visitantes poderem conferir o que disse sobre a rádio.

A Política Como Espetáculo



Alguns posts atrás falei sobre a magia do poder e a sedução que provoca. Neste ano de 2008 teremos eleições municipais. Elegeremos prefeitos e vereadores. É certo que assistiremos a grandes espetáculos. Cada vez mais a política tem se travestido ou se servido de belas performances.

Charles de Gaulle, o estadista francês, sentenciou certa vez: "Ao chefe, como ao artista, é necessário o dom, moldado pelo ofício". Muitos antes dele, Shakespeare, em As you like it ("Como você gosta"), escreveu:

"O mundo é um palco,
No qual homens e mulheres são apenas atores.
Fazem sua entrada, sua saída
E a cada homem, em seu tempo, cabem vários papéis".

No livro O Estado Espetáculo, o cientista político Roger-Gérard Schwartzenberg, destaca: "A política, outrora, eram as idéias. Hoje, são as pessoas. Ou melhor, as personagens. Pois cada dirigente parece escolher um emprego e desempenhar um papel. Como num espetáculo".

Na opinião do cientista, o Estado transformou-se num "produtor" de espetáculos. Daí deriva que a política fez-se encenação. E ele completa: "Agora, todo dirigente se exibe e se dá ares de vedete. Por aí vai a personalização do poder. Fiel à sua etimologia. Pessoa não é uma palavra derivada do latim persona, que significa máscara de teatro?"

A Poesia Tem Futuro?


Ainda hoje, e sempre, pergunta-se: qual o futuro da poesia? Muito já se escreveu sobre o assunto. Um dos comentários mais brilhantes que li foi o de Pablo Neruda. Está no seu livro "Para Nacer He Nacido". Ele diz o seguinte:

"Perguntam o que acontecerá com a poesia no ano 2000.
É uma pergunta difícil. Se esta pergunta me assaltasse
num beco escuro me levaria um susto de pai e senhor meu.
Porque, o que sei eu do ano 2000? Do que estou seguro é
de que não se celebrará o funeral da poesia no próximo século.
Em cada época deram por morta a poesia, mas ela se vem
demonstrando vitalícia, ressuscita com grande intensidade,
parece ser eterna.

A poesia acompanhou os agonizantes e estancou as dores,
conduziu às vitórias, acompanhou os solitários,
foi ardente como fogo, ligeira e fresca como a neve,
teve mãos, dedos e punhos, teve brotos como a primavera:
fincou raízes no coração do homem".

Suave Decadência


Ser decadente é pejorativo? Depende do ângulo de visão. É o que assegura o nosso eterno cronista Arthur da Távola. Ele publicou, recentemente, uma crônica abordando esse assunto. Garanto que foi convincente ao defender uma posição diferente da usual. A crônica foi reproduzida no site de publicidade Acontecendo Aqui, de Santa Catarina. Quem duvidar, que confira o texto abaixo:


Um cantor em decadência


05/03/08

Alguém me diz que o cantor fulano está decadente. Certo ou errado, aquilo me machuca. E nem conheço a pessoa citada assim com desdém.

Sou um tripulante de solitárias madrugadas. De noites em que me isolo para repor as cargas multidirecionais de uma sensibilidade intensa e dispersiva. Freqüento canais, programas, estações de rádio fora da linha do sucesso, alguns - por que não dizer? - com aquele saboroso cheiro de decadência que a tudo aquece com tolerância e ternura.

Sim, decadência. Não temo a palavra. Amo-a. Sou parte dela. Decadente não é o ruim. Decadente é o bom que passou de moda. O ruim morreu. Decadente é o que não morreu porque é bom e, mesmo fora das vogas, persiste pela qualidade.

Tenho enorme reverência por tudo o que é decadente. Respeito. Porque decadente é o que permaneceu fiel ao que era e sempre foi. Casas, fachadas, muros, roupas, certos bares, pessoas que ficaram fixadas em sua geração sem ver o tempo passar, maneira de falar, pentear, morar, calçar, bailar, olhar, artistas, músicas, paredes, decorações: no decadente está o bom. O que permaneceu a despeito da avalancha de mudanças. O que resiste, apesar.

Na decadência estamos todos nós. Há algo que teima em ficar porque tem relações com o permanente, e não com o conservador. Decadente não é o superado. É o insuperável em seu momento de pobreza ou ostracismo.

Freqüento, dizia, programas, canais, rádios pelas noites e madrugadas, nos horários dos fora da mídia, quando o peso do sucesso passou e há condições de rever artistas no limbo, fora do estado de glória, ainda pouco conhecidos, ou teimosos. Gosto deles. Trazem recordações de passadas vivências. Presto-lhes em silêncio a homenagem de quem lhes sente a arte e entende a luta que empreendem.

É o impulso de um dever: o de dar atenção, aplauso fluídico aos artistas do fim de noite, do passado e da madrugada, os alijados do aplauso em vigor.

É o dever de quem se sente culpado por ter que dedicar a maior parte da sua atenção a quem está em evidência.

Afinal, o jornalista é um ser atrelado a trágicas obrigações com o mercado, o imediato, o que está sendo consumido aqui e agora.

(Arthur da Távola)

sexta-feira, 7 de março de 2008

Equívocos do Marketing


O papa do marketing, Philip Kotler, alerta no seu livro "Marketing para o Século XXI - Como Criar, Conquistar e Dominar Mercados", para o que denomina de "marketing de Neandertal". São práticas atrasadas e ultrapassadas que continuam sendo adotadas nas empresas.

O autor cita seis equívocos comuns que norteiam o marketing antigo:

1. Equiparar marketing a vendas;
2. Enfatizar a conquista de clientes, e não a manutenção dos mesmos;
3. Tentar lucrar em cada transação em vez de lucrar gerenciando o valor do tempo de vida de um cliente;
4. Elevar preços com base em markup em vez de determinar preços por metas;
5. Planejar cada ferramenta de comunicação separadamente em vez de integrá-las;
6. Vender o produto em vez de tentar compreender e atender às reais necessidades dos clientes.

Nas palavras de Kotler, os clientes atuais "estão ficando mais sofisticados e mais sensíveis a preços; dispõem de pouco tempo e querem mais conveniência; vêem maior equiparação entre os fornecedores; estão menos sensíveis à marca do fornecedor e mais abertos a marcas de revendedores e marcas genéricas; têm altas expectativas quanto a serviços e atendimento; são menos fiéis aos fornecedores".

Kotler destaca que as empresas antenadas com os novos tempos "estão utilizando os meios de comunicação mais direcionados e integrando suas comunicações de marketing para transmitir uma mensagem coerente para todos os clientes".

A tendência é, cada vez mais, a empresa falar com públicos específicos, de maneira segmentada, adotando linguaguem apropriada. Outra conclusão: é fundamental aprimorar os relacionamentos. Isso faz com que a empresa melhore a sua imagem e ganhe mais credibilidade.

Diálogo Infantil


No momento em que toda a imprensa discute a aprovação de uma criança de 8 anos no vestibular de Direito da Faculdade Unip, vou reproduzir um diálogo criado pelo cartunista Feiffer e publicado em 1976, sob o título "Entre Sensos e Pensos". Vamos ao diálogo:

- A mamãe está me ensinando a soletrar, mas eu não entendia. E ela disse que era muito simples: Joel, Gato quer dizer Gato. E eu disse: Por que?

- E ela disse: porque é assim. E eu perguntei: por que era assim, e ela disse que Deus queria que fosse assim. E eu perguntei: Por que W-X-Y-Z não quer dizer gato?

- E ela disse que é porque não é assim. E eu disse por que não se eu quero que seja assim e ela disse que é por causa das regras...

- E eu disse que as regras são bobas e G-A-T-O que dizer Gato é uma regra estúpida e ultrapassada. E W-X-Y-Z quer dizer Gato é melhor e mais moderno e ela disse não tente reformar o mundo, Joel, ou você será muito infeliz.

- E eu perguntei: por que as regras antigas estão sempre certas e por que as regras novas estão sempre erradas e ela disse já fui paciente demais com você rapazinho. E agora soletre Gato do modo certo ou irá para a cama uma semana sem ver TV.

- E eu disse: quem precisa ver TV? Ela disse: deixe de ser malcriado. Você precisa de TV. E eu disse não podemos conversar como duas pessoas civilizadas. E ela disse que eu arranjei essas idéias engraçadas na rua. Ficarei sem TV durante um mês.

- E eu disse que W-X-Y-Z quer dizer Gato. E ninguém me fará mudar de idéia. A-B-C-D-E-F-G que dizer SOCORRO.

O Leitor Ideal




Para relembrar o velho e bom Mário Quintana, uma pequena jóia do seu saboroso livro Porta Giratória (Globo, 1988, Pág. 83).

O leitor ideal para o cronista seria aquele a quem bastasse uma frase.
Uma frase? Que digo? Uma palavra!
O cronista escolheria a palavra do dia: "Árvore", por exemplo, ou "Menina".
Escreveria essa palavra bem no meio da página, com espaço em branco para todos os lados, como um campo aberto aos devaneios do leitor.
Imaginem só uma meninazinha solta no meio da página.
Sem mais nada.
Até sem nome.
Sem cor de vestido nem de olhos.
Sem se saber para onde ia...
Que mundo de sugestões e de poesia para o leitor!
E que cúmulo de arte a crônica! Pois bem sabeis que arte é sugestão...
E se o leitor nada conseguisse tirar dessa obra-prima, poderia o autor alegar, cavilosamente, que a culpa não era do cronista.
Mas nem tudo estaria perdido para esse hipotético leitor fracassado, porque ele teria sempre à sua disposição, na página, um considerável espaço em branco para tomar os seus apontamentos, fazer os seus cálculos ou a sua fezinha...
Em todo caso, eu lhe dou de presente, hoje, a palavra "Ventania". Serve?

Eros e a Escrita


Para que ou para quem se escreve? Resposta óbvia: para o leitor. Engano. O ato da escrita não é tão simples. Quem tratou do assunto com muita agudeza foi o filósofo Roland Barthes. Ele sentenciou: escrever é um modo do Eros. O que Barthes quis dizer com isso?

Quem comenta é Gustavo Bernardo, no seu livro Redação Inquieta: "Nascido de Narciso, nascido da auto-afirmação, escrever se faz Eros porque se alimenta primeiro do desejo e se realiza no exercício da sedução. No exercício do próprio amor, sempre um amor de si mesmo. O amor de si mesmo, radicalizado, perfura o espelho narcísico e chega, intenso, ao amor do outro".

Barthes poderia acrescentar: "Escrever implica calar-se, escrever é, de certa modo, fazer-se silencioso como um morto, tornar-se o homem a quem se recusa a última réplica; escrever é oferecer, desde o primeiro momento, esta última réplica ao outro".

Bernardo conclui o raciocínio do filósofo: "Escrevo. Calo. Silenciosamente, lhe entrego os meus escritos. Para além dos meus escritos, lhe entrego todo o meu silêncio. Então você, leitor ou leitora, não sei, tem nas suas mãos tanto a minha palavra quanto o meu silêncio.
Silêncio".


Crepúsculo


A saudade do crepúsculo
dissolve tardes solares
quebra a luz visível dos caminhos,
celebra a ternuma do vôo dos pássaros.

A saudade do crepúsculo
anuncia o ocaso do dia
beija a imensidão da noite
dissolve a transparência dos cristais.

A saudade do crepúsculo
envolve os corpos fluidos
no encontro fugaz das esquinas,
no entreolhar dos bares.

A saudade do crepúsculo
aduba a raiz dos lírios murchos
a angústia das estrelas cadentes
a fadiga dos astros infinitos.

A saudade do crepúsculo
sangra a pele do mar
provoca convulsão dos sentidos
dispersa a boca fria e úmida do luar.

(Francisco Barros)

O Poder


"O poder, juntamente com a glória, permanece como a mais alta aspiração e recompensa do gênero humano".
Bertrand Russel - filósofo inglês

Nada seduz mais o homem que o poder. Ele é afrodisíaco. A disputa pelo poder leva a guerras, genocídios, holocaustos. Mata-se e morre-se. A política, como invenção humana, foi uma forma de disciplinar a disputa pelo poder.

Quem tem o poder e sabe exercê-lo tem todo o resto - dinheiro, glória, fama, reputação, entre outros atributos. O dono do poder está no topo da hierarquia social. Ele pode fazer acontecer. Dita as regras.

Segundo Weber a relação de mando e obediência na política não se resume em fundamentos materiais ou em mero ato de obediência dos súditos mas também e principalmente num específico fundamento de legitimidade. Deste poder legítimo Weber especificou três tipos puros: o poder legal, o poder tradicional e o poder carismático.

Gaudêncio Torquato, professor e consultor de marketing político, lembra que "a comunicação integra o escopo das múltiplas formas de designação do poder, sendo ela, como subsistema, um componente do próprio sistema de poder".

Vinhos Argentinos


Não há o que contestar: a Argentina produz vinhos soberbos. Quem destaca esta ascensão portenha é nada mais nada menos que Robert Parker. Na edição No. 174 do periódico Wine Advocate (editado por Parker) a publicação pontua e destaca as qualidades dos terroirs argentinos e sua imbatível relação preço/qualidade. Um exemplo: o vinho Zuccardi Malamado 2003, de apenas R$ 69,50, ganhou 90 pontos da publicação. E por falar em Zuccardi, José Alberto Zuccardi visita São Paulo e Rio de Janeiro no final do mês para o lançamento da linha de vinhos "Zuccardi Série A".

terça-feira, 4 de março de 2008

Começo de História

Inicio aqui o meu blog. Tratarei de assuntos variados. A idéia é não ficar preso a temas específicos. Aqui será discutido desde política até futebol, passando por música, vinhos, administração e comunicação. Também não faltarão posts de literatura e marketing. Enfim, o ecletismo dará o tom do blog.

Uma marca que pretendo seguir: redigir posts curtos e objetivos. Claro, na medida do possível. Mas uma coisa é certa: procurarei fugir da verborragia, como o diabo da cruz. O espírito que orienta este espaço são os versos de nosso poeta maior, Carlos Drummond de Andrade.

Por isso mesmo, quero registrar neste post inicial um poema do bardo mineiro.

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.

Carlos Drummond de Andrade

O que dizer mais? Drummond fala por nós.