quarta-feira, 5 de junho de 2013

Poema Exibicionista



Expõe-se na vitrine.
Sabe que o amor
é um jogo de armar.

Vende-se por três
vinténs ao primeiro
que acenar

Não tem pudor
dribla o dissabor
conserva bom humor;

Um pouco asmático,
carismático;
às vezes, idiossincrático.

No mais, cumpre o ofício
com galhardia e volta
pra casa cheio de energia.

(Francisco Barros)

Passado



Carregar a tocha
ferir a escuridão

Erguer o farol
dar sentido à navegação

Perseguir vaga-lumes
vagueando pelo sertão

Acender o lampião
iluminar passos na estação

encarapitado na última
poltrona do vagão.

Coisas do passado
não mais voltarão.

(Francisco Barros)

Estação 1982



Não me sai
da lembrança
o aroma
de uva e maçã
que impregnou
o ano de 1982.

Colho
sem esforço
esses frutos
na estação
da memória.

Será que
estiveram
congelados
nos escaninhos
do tempo?

Sem evocá-los,
ressurgem
renovados
prontos para
serem devorados.

(Francisco Barros)

Segunda Pele



Mar devasso-
com que volúpia
lambes a areia.

Em qual compasso
desta vaga
banha a sereia?

Tuas ondas
volteiam e mugem
na maré cheia.

Tua ressaca
parece de vinho,
mas é de sal.

O que fazer
para alimentar
este comensal?

O ar que te envolve
exala perfume
pelas tuas margens.

E a brisa que
te faz companhia
é minha segunda pele.

(Francisco Barros)

Esquina do Tempo



Clube do som
imaginário.

Você procura
acha nuvem

Você procura
acha vento

Você procura
há muito tempo

Deixa de procurar
encontra esquina

encontra sonhos
encontra morros

Naquela esquina
parece nosso quintal

Uma estrada
vai te levar

pode não ser de terra
pode não ser de ferro

e quando nosso
sonho acabou

fiz de conta
que nosso

encontro ficou
na esquina

da Paraisópolis
com a Divinópolis.

(Francisco Barros)

Bandeira



Tremulaste
no céu, no sol,
na chuva, no vento.

Foste menino
dos becos
da tua amada Recife.

Menino franzino
é certo, adolescente
rebelde tornaste.

Homem feito no Rio
continuaste a transbordar
poesia pelas margens.

No mais alto mastro,
o tempo e o vento ondulam
a tua elevada Bandeira.

(Francisco Barros)