domingo, 26 de janeiro de 2014

Uma Janela para o Universo Pessoal



O autor do consagrado best-seller "Uma Breve História do Tempo", Stephen Hawking, faz algo que parecia improvável: lançou há pouco "Minha Breve História". Nesta nova obra, em tom autobiográfico, narra a sua trajetória pessoal, desde a infância, na Londres do pós-guerra, até obter a consagração e o reconhecimento da comunidade científica internacional.

O cientista mais famoso da atualidade, que conquistou leitores no mundo todo ao explicar os mistérios do universo, volta-se  para o seu universo pessoal. Com muita desenvoltura, fala da descoberta da sua doença (esclerose lateral amiotrófica), aos 21 anos, até as desavenças conjugais - separou da sua primeira mulher, com quem teve três filhos. E, também, relata a experiência do seu segundo casamento, que também foi desfeito.

Mas não pense o leitor que o livro tem alguma coisa parecida com as revistas "Contigo" e "Caras". E não se trata, muito menos, de um livro de auto-ajuda. Embora, deva-se reconhecer, que em alguns momentos o relato possa servir de inspiração motivacional para quem está ingressando no restrito mundo da física e da cosmologia.

Concordo plenamente com o que diz a orelha do livro. Ao nos aventurarmos pelo universo de Howking nos deparamos com um autor: "perspicaz, íntimo e inteligente". A obra, acrescenta o texto da orelha, "abre uma janela para o universo pessoal de Howking". Nesse aspecto, temos que admitir: somos todos bisbilhoteiros. Afinal, trata-se da vida extraordinária  de um dos mais brilhantes cosmologistas de nosso tempo. E isso não tem nada a ver com Big Brother, que, convenhamos, é um amontoado de nulidades.

O leitor não deve esperar por relatos melodramáticos, tão ao gosto das novelas mexicanas. O autor, ao se despir (no bom sentido) para o público, tem o cuidado de usar da simplicidade e do humor para descrever a sua evolução pessoal e intelectual. Somos convidados para uma conversa na sua sala de visitas. Ele nos conta que já apostou com um colega sobre a existência de um buraco negro.

Interessante que Howking dá a entender que, realmente, gosta de apostas e, também, é curioso com as apostas alheias. Com muita sagacidade, revela o seguinte caso: " Quando eu tinha doze anos, um dos meus amigos apostou um saco de doces com outro que eu nunca seria ninguém. Não sei se tal aposta foi paga algum dia, e se foi, quem a ganhou".

Em outro momento, de novo o autor nos surpreende: "Sempre fui um aluno mediano", para acrescentar em seguida que a sua turma era de pessoas brilhantes. Outra revelação: "Meus trabalhos escolares não tinham capricho e minha caligrafia era o desespero dos professores". Ou seja, por trás do gênio, habita um simples mortal.

Nós, simples mortais, que sempre buscamos inspiração nos mitos e nos gênios, podemos nos espelhar nessa frase simples e sincera: "Quando você se depara com a possibilidade de uma morte precoce, percebe que a vida vale a pena e que há muitas coisas que você deseja fazer". Isso, por si só, vale a leitura do livro despretencioso do Einstein moderno. E você, ainda vai reclamar de dificuldades e de falta de tempo?

Ficha Técnica
Título: Minha Breve História
Autor: Stephen Hawking
Gênero: Autobiografia
Editora: Intrínsica
Páginas: 144
Ano: 2013


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